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Chico é um chato

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publicado em 14/02/2016 às 11h38
atualizado em 14/02/2016 às 11h30

O remelexo de Panqueca na avenida Duarte Silveira e uma bateria que tomava conta do meu coração e de minha mente fizeram-me torcedor da escola de samba Malandros do Morro. Nasci no bairro da Torre, em João Pessoa. E ter uma escola de samba campeã em meu bairro sempre foi motivo de ostentação…

A Malandros tem títulos e muita história. Tem link permanente com a comunidade e, mais que tudo, historicamente, tem integrantes amalgamados ao processo de construção de conquistas e avanços sociais. João Balula, a quem somente conheci no início da década de 1990, foi um desses.

Negro. Pobre. Gay. E com coragem para encarar a sociedade hipócrita e opressora. Balula morreu após o carnaval de 2008. Deixou saudade e ainda faz muita falta nos movimentos sociais. Foi homenageado pela Malandros do Morro no ano seguinte à sua morte, sendo tema do samba-enredo.

Este ano, a Malandros foi para a avenida para festejar os 60 anos da escola. Foi campeã (embora a Unidos do Róger tenha sido bem melhor). Vibrei com o título, mas lamentei o esquecimento da figura de Balula, que não poderia deixar de ser mencionado.  Conforme a escola, uma ala com negras simbolizou a luta de Balula. Para mim, a homenagem não foi ‘clara’…

Quem me abriu os olhos para esse ‘esquecimento’ foi o jornalista Chico Noronha, que integrou a comissão julgadora do Carnaval Tradição. Chico Noronha é um chato (ainda bem!!!) quando o papo é racismo, homofobia e exclusão. Aprendamos com ele e sejamos todos muito chatos na hora de cobrar igualdade, inclusão e respeito histórico por aqueles que ajudaram e ajudam na construção de uma sociedade mais justa.

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