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CRISE NO PT

Assessor de Lula diz que Marta Suplicy agiu de forma ‘sórdida’

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publicado em 21/01/2015 às 11h05

Diretor do Instituto Lula, o ex-ministro Paulo Vannuchi (Direitos Humanos) rompeu o silêncio no PT sobre as críticas recentes da senadora Marta Suplicy (PT-SP) aos colegas de partido.

Em comentário para a Rede Brasil Atual (rádio ligado à CUT) e em entrevista à Folha, Vannuchi classificou como "sórdida", "chocante", "condenável" e "inaceitável" –entre outros adjetivos– a "manobra" usada por Marta ao revelar conversas particulares que ela teve com Lula.

"O elemento sórdido –sem dúvida é um elemento sórdido, condenável, inaceitável da entrevista de Marta– […] foi expor Lula publicamente na versão de que o Lula, no fundo, é o grande adversário da [presidente] Dilma [Rousseff]", disse Vannuchi.

Em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo" no dia 10, Marta disse que, num jantar organizado por ela com empresários, Lula "entrou nas críticas" dos presentes e "decepava [sic] ela [Dilma]".

Marta disse ainda ter ouvido Lula reclamar de dificuldade de ser ouvido por Dilma. "Estou conversando com ela, mas não adianta, ela não ouve", teria dito o petista.

"A manobra de Marta é sórdida porque deixa para Lula duas opções", disse Vannuchi. "Ou a de ficar quieto, e, ao ficar quieto, deixa a mídia alimentar que tudo o que ela fala é verdade; ou Lula se rebaixa, rigorosamente se rebaixa, e vem a público dizer ‘olha, a Marta não me entendeu bem, nunca disse isso’".

Para Vannuchi, Lula acerta ao não responder: "Lula realmente não tem que se colocar no mesmo nível de Marta, muito menos nesse momento de atitudes sórdidas".

Para ele, Marta violou "uma regra ética" da política, que é não sair falando publicamente de conversas reservadas. Segundo ele, Lula já teve várias conversas assim com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, "mas nunca nenhum dos dois saiu contando o que o outro falou".

"Ela [Marta] tem direito de divergir e sair do partido. Mas não o de fazer isso de uma maneira desastrada", disse.

O ex-ministro avalia que Marta agiu assim porque quer sair do partido para ser candidata a prefeita de São Paulo em 2016 e "deve ter se sentido desestabilizada" com a escolha do deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP) para a secretaria de Educação do prefeito Fernando Haddad (PT).
Foi "uma jogada brilhante", disse, "que fechou a porta para o maior interesse de Marta agora, que era se filiar ao PMDB", completou.

Vannuchi também classificou como "descabido" Marta chamar o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, de "inimigo de Lula". E protestou pelo fato de a senadora ter chamado o presidente do partido, Rui Falcão, de "traidor".

Em outro trecho, também reprovou a forma como Marta articulou, ainda no cargo de ministra da Cultura, a tentativa de lançar Lula candidato em 2014 no lugar de Dilma.

"Ela coordenou a campanha do ‘volta Lula’ que, se tivesse tido a concordância de Lula, teria virado um processo rapidíssimo", disse.

Paulo Vannuchi ressaltou que não fala em nome do ex-presidente Lula. Marta foi procurada para comentar, mas não respondeu.

MaisPB com Folha de São Paulo
 

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