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Ex-diretor confessa ter recebido US$ 1,5 milhão para aprovar compra de Pasadena

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publicado em 23/01/2015 às 06h32

 Em depoimento de delação premiada firmado com o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) em setembro do ano passado, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse que recebeu US$ 1,5 milhão do empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, "para não causar problemas" na reunião da estatal em foi aprovada a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. O acesso aos termos do depoimento foi liberado pela Justiça Federal em Curitiba.

Costa relatou aos investigadores que foi procurado por Fernando Baiano e aceitou receber o valor, que foi pago no exterior. Ele disse acreditar que a quantia tenha sido disponibilizada pela Astra Petróleo, proprietária da refinaria. Segundo ele, havia boatos dentro da Petrobras de que “o grupo de [Nestor] Cerveró [ex-diretor da Área Internacional], incluindo o PMDB e Baiano, tenha dividido algo entre US$ 20 milhões e US$ 30 milhões, recebidos provavelmente da Astra”.

Sobre a relação com Fernando Baiano, Costa disse que viajou com ele em 2007 ou 2008 para Liechtenstein, na Europa, e foram ao Vilartes Bank, onde ele “acredita que os valores tenham sido depositados”. Na ocasião, Costa disse que conheceu Diego, um “operador” do empresário que morava na Suíça e vinha ao Brasil uma vez ao ano para cuidar das contas de Baiano.

O ex-diretor definiu Fernando Soares como lobista e “uma pessoa bem articulada, tendo muitos contatos no mundo político e empresarial”. Segundo Costa, ele é dono de uma cobertura de 1.200 metros quadrados na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, uma casa nos Estados Unidos, casas em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, e emTrancoso, na Bahia, além de uma lancha, ativos no exterior e uma academia de ginástica. Paulo Roberto acredita que os bens estão em nome de outra pessoa, porque Soares “não teria como comprovar a origem dos recursos para adquirir todos esses bens.”

Paulo Roberto Costa confirmou que a “necessidade de repasses para grupos políticos, especificamente PP e PT”, também ocorria na Diretoria Internacional, comandada na época por Cerveró. Nesse caso, segundo Costa, Fernando Baiano atuava como o operador que “cuidava de viabilizar a entrega de parte devida ao PMDB".

O delator também afirmou que, a partir de 2008 ou 2009, a cobrança de propina da Construtora Andrade Gutierrez passou a ser feita por Fernando Baiano, e não mais pelo doleiro Alberto Youssef.

Todos os partidos citados negam que tenham se beneficiado da cobrança de propina na Petrobras.

Em julho, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a devolução de US$ 792,3 milhões aos cofres da Petrobras pelos prejuízos causados ao patrimônio da empresa com a compra da Refinaria de Pasadena.

O maior montante, de US$ 580,4 milhões, deverá ser devolvido por membros da Diretoria Executiva da Petrobras, que aprovaram a ata de compra da refinaria, entre eles o ex-presidente da estatal José Sergio Gabrielli, além de Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa.

Agência Brasil

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