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Gilson Lira é Master Coach e Trainer em PNL com certificações pela Sociedade Brasileira de Coaching (SBC), Sociedade Euroamericana de Coaching (SEAC) e Sociedade Brasileira de Programação Neurolinguística (SBPNL). Bacharel em Comunicação Social e pós-graduado em Marketing e Gestão de Pessoas. Coautor dos livros “PNL para Professores”, “Segredos do Sucesso – Histórias de Executivos da Alta Gestão”, “Coaching para Gestão de Pessoas” “Empreendedorismo” e “Bíblia do Coaching”. Atualmente ocupa o cargo de diretor de mercados internacionais da Embratur. [email protected]

Para o que você se sente vocacionado?

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publicado em 30/11/2015 às 13h27
atualizado em 30/11/2015 às 10h31

Outro dia, conversando com um estimado e inteligentíssimo amigo, Leopoldo Santos, ouvi a seguinte observação: “Gilson, um dos enormes problemas dos dias atuais é o crescente ‘desencontro de vocações’”.

Confesso que, no primeiro momento, não entendi muito bem ao que ele se referia. “Leo, o que você quer dizer quando fala em ‘desencontro de vocações’?”, indaguei-o. Ao que ele prontamente me respondeu: “Gilson, o que eu quero dizer é que muitas pessoas não se apercebem que elas passam grande parte de suas vidas tendo uma formação profissional totalmente desencontrada com a sua real vocação; totalmente desencontrada daquilo para que ela está intimamente vocacionada. E qual o problema disso? Elas passam a viver frustradas, insatisfeitas e, infeliz.”. E não é que meu amigo está absolutamente correto! A propósito, quantas são as escolas, os cursos ou, até mesmo, quantas são as famílias que, efetivamente, estão engajadas em estimular nossos jovens a se profissionalizar ou se especializar naquilo que são realmente vocacionados? Parece-me que muito poucas. Não é mesmo?

A palavra vocação vem do latim ‘vocare’ que significa chamado. E, de acordo com o que preceitua o dicionário, vocação é uma aptidão natural. “Aquela tendência ou inclinação natural que direciona alguém para uma profissão específica, para desempenhar determinada função, trabalho, etc”.

Agora, quer saber o que é mais curioso? É observar que, muitas vezes, nós, pais, cometemos um grande equívoco. Que é o de, a todo custo, querer ver realizados, na figura dos nossos amados filhos, aqueles que são os nossos mais profundos anseios, sonhos e desejos. Correto? Aliás, não é novidade que muitos chegam, até mesmo, a dizer: “Filho, já está decidido. Você vai prestar vestibular para Medicina. Como eu já tenho um nome conceituado na cidade, e como já tenho um bom consultório montado…

você simplesmente repetirá o meu sucesso”; ou “filha, você deve estudar Direito. Vê o seu tio, ele passou num concurso para juiz e vive uma ótima vida”; ou ainda “eu estive pensando com sua mãe e decidimos que você se dedicará a carreira do magistério…”.

E aí o que muitas vezes se vê são alguns médicos desgostosos por terem que atuar nessa fascinante profissão; alguns profissionais do Direito, até bem remunerados, mas, entindo-se muitas vezes infelizes com os cargos ou posições que ocupam; e alguns professores lamentando-se, justamente, por que não era essa a profissão na qual eles gostariam de atuar.

Não me entenda mal. Mas isso às vezes ocorre porque, como pais, estamos muito mais preocupados em persuadir nossos filhos a respeito daquilo que supostamente imaginamos que é o que os fará feliz; que é o que os fará mais realizados, sem, ao menos, procurarmos buscar saber: o que efetivamente eles querem para suas vidas; o que exatamente eles desejam para o seu próprio futuro!

Agora raciocina comigo. E se, por acaso, agíssemos assim: “Filhão, o que efetivamente você gosta de fazer? O que realmente te dá prazer? Precisamos arrumar um tempinho para conversar sobre isso… sobre seu futuro”; ou “filha, com quais matérias você sente que mais se identifica na escola? Você já parou para refletir quais delas lhe serão mais

úteis em sua vida acadêmica e profissional? Seu pai está aqui sempre pronto para ajudá- la a tomar a melhor decisão. Até porque o ano do vestibular se aproxima”.

Agora, existe uma que eu considero a ‘pergunta mágica’: “Amado filho, se dinheiro não fosse problema em sua vida, se por acaso você não precisasse se preocupar com ele, em que você gostaria de trabalhar? em que você gostaria de dedicar a maior parte do seu tempo e sua energia?”.

Abordando-os dessa maneira, penso que estaremos contribuindo, efetivamente, para que percebam, por si próprios, a sua real vocação e missão de vida.

Tem uma passagem bastante significativa, que exemplifica bem isso que estamos abordando. Em 2000, na cerimônia de graduação do MIT (Massachusetts Institute of Technology), Carly Fiorina, que por muitos anos foi a prestigiada CEO da Hewlett- Packard, pronunciou as seguintes palavras: “Ame o que você faz ou não o faça. Não

faça nenhuma escolha, seja na sua carreira ou na sua vida, só por que ela agrada outras pessoas ou por que alguém acha que isso vale mais… escolha fazer algo por que isso traz alegria ao seu coração e à sua mente. Escolha isso por que isso envolve você por completo”.

Em outras palavras, o que Fiorina está procurando nos dizer é que não devemos nos dedicar a algo que não esteja alinhado com a nossa vocação – e missão de vida. E por quê? Porque quando agimos assim, não estamos empregando plenamente todas as nossas capacidades e aptidões. Ou seja, não estamos fazendo o efetivo uso de todos os nossos talentos e potencialidades.

E quanto a você, já descobriu para o que realmente é vocacionado?

Para o escritor e professor William Barclay, “há dois grandes dias na vida de uma pessoa – o dia em que nascemos e o dia em que descobrimos o porquê”.

Creio convictamente que, de uma forma ou de outra, somos continuamente chamados por Deus a perceber nossa vocação e missão. Quando realmente a encontrarmos, acredito que teremos, enfim, descoberto o porquê do nosso nascimento.

Desejo-lhe uma vida feliz. E, acima de tudo, cheia de sentido.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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