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Pintor foi preso nos anos 90 por matar vítimas com taco de sinuca

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publicado em 03/10/2015 às 17h48
atualizado em 03/10/2015 às 14h50

Muito antes de Renata e Carlos serem mortos, o pintor Jorge Luiz Morais de Oliveira havia se encontrado com um porteiro e um marceneiro. O primeiro levou cinco tiros e, o outro, golpes de taco de sinuca. Os crimes aconteceram nos anos de 1994 e 1995, ambos por volta das 19h de um sábado em ruas em um raio de 1 km de onde a polícia localizou seis corpos nesta semana. Pelos dois assassinatos, ele já cumpriu pena de 19 anos. Todas as informações foram retiradas dos processos já arquivados pela Justiça e obtidos pelo G1.

Desde sexta-feira (25), o pintor está preso e confessou ter matado um homem e cinco mulheres na Favela Alba, no Jabaquara, Zona Sul de São Paulo. O assassino em série foi descoberto após uma denúncia anônima que levou a polícia a localizar o corpo de Carlos Neto Alves de Matos Júnior, de 21 anos, em um cômodo da casa de Oliveira. Peritos encontraram mais cinco corpos enterrados na residência, entre eles o de Renata Christina Pedrosa Moreira, de 33 anos.

Cinco tiros

O porteiro A.R.S., de 22 anos, foi a primeira vítima conhecida pela polícia (os nomes dos primeiros assassinados serão resguardados a pedido do Tribunal de Justiça de São Paulo). No dia 26 de fevereiro de 1994, um sábado, por volta das 19h, o homem estava na companhia de uns amigos na Rua Celina de Barros Silveira, a 400 metros da casa de Oliveira.

Segundo boletim de ocorrência registrado à época, o porteiro “teria dirigido gracejos a uma tal de Joice”, prima de um amigo do pintor. Apesar de atualmente a polícia não afirmar se Oliveira praticava os crimes em parceria com outras pessoas, ele teve ajuda do colega nesta primeira vez.

Joice era menor de idade. No processo, testemunhas dizem que A.R.S. passou a mão na cabeça da menina. Outros disseram à polícia que a primeira vítima de Oliveira, na verdade, teria abusado sexualmente da adolescente. O primo da garota ficou com raiva de como mexeram com a menina e o ameaçou com uma arma. Quem teve coragem de atirar, no entanto, foi o pintor, que fez ao menos cinco disparos.

Oliveira assumiu o assassinato sendo réu primário e foi condenado a quatro anos de prisão. Defendeu-se dizendo que a vítima estaria com uma faca, mas confessou o crime. “As testemunhas presenciais ouvidas por requerimento ministerial, em uníssono e com importante coerência, confirmaram ter sido ele o autor dos disparos que alvejaram o ofendido, afastando a suposta legítima defesa, assim como alegações mentirosas quanta à anterior conduta da vítima fatal”, disse a conclusão do processo na época.

Taco de sinuca
Quase 1 ano e 3 meses depois, no dia 13 de maio de 1995, às 19h25, Oliveira ainda estava solto e aguardava julgamento. Ele entrou no bar do “Toninho”, na Rua Alberto Sampaio, a 1 km da casa onde os corpos foram encontrados nesta semana.

O marceneiro N.J.V.S., de 32 anos, conhecido como “Coquinho”, estava num bar com um amigo. Segundo testemunhas, o pintor entrou no estabelecimento e, com uma “gravata”, arrastou a vítima por dois quarteirões. Ele quebrou um dos tacos da sinuca do bar e “furou” o rosto do marceneiro, segundo o laudo. Depois, ainda jogou uma pedra grande, uma espécie da paralelepípedo, na cabeça da vítima. O homem morreu no meio da rua.

Oliveira disse que matou porque “Coquinho” tinha roubado uma bicicleta e a sua casa. Na época, vizinhos descreveram o pintor “como pessoa perigosa no bairro”. Uma das testemunhas procurou a polícia dizendo ter sofrido ameaças de morte. Por este homicídio ele foi condenado a 16 anos de prisão.

O pintor ficou 17 anos e 9 meses preso e, no período, se envolveu em uma rebelião. Ele também respondeu criminalmente por sequestro, cárcere privado e formação de quadrilha. Oliveira foi posto em liberdade em 7 de novembro de 2013.

Após a divulgação de sua foto na imprensa, duas pessoas procuraram a polícia e disseram ter sidovítimas de outros crimes cometidos pelo pintor. Segundo o delegado Jorge Carrasco, uma delas disse ter sido estuprada e a outra, roubada. Os casos também serão investigados.

G1

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