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Brasileiro coleciona milhões de vinis para preservar músicas

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publicado em 08/08/2014 às 16h14

 O brasileiro Zero Freitas, de 62 anos, tem uma coleção de milhões de discos de vinil e que ainda está em expansão. De acordo com ele, a intenção é tentar preservar músicas que não foram convertidas para formatos digitais e, assim, impedir que elas desapareçam.

A história foi contada nesta sexta-feira (8) pelo jornal americano "The New York Times".

Segundo a publicação, Freitas vive em São Paulo, onde mantém um armazém com a maior parte de sua coleção. Ele administra uma empresa de ônibus privados que atende a periferia da cidade.

No local onde os vinis estão guardados, 12 estagiários trabalham para ajudar Freitas a organizar seu acervo, catalogando cada um dos discos, cadastrando-os por ano de lançamento, por gravadora e por artista.

Por dia, eles conseguem catalogar 500 discos. A previsão é que o trabalho todo leve 20 anos para ser feito —mas isso apenas se o número de vinis parar de crescer.

O colecionador afirmou ao jornal não saber quantos álbuns possui, mas crê que já tenha "vários milhões" deles.

"Fui para a terapia por 40 anos para tentar explicar isso para mim mesmo", disse ele em relação à obsessão.

Freitas relembrou que a compulsão para adquirir novos vinis está ligada às suas memórias de infância. Quando ele tinha 5 anos, seu pai comprou um toca-discos estéreo e, como parte do acordo, levou 200 discos.

O primeiro comprado pelo próprio veio em dezembro de 1964, um lançamento em que Roberto Carlos cantava músicas infantis —o "rei", aliás, é seu cantor favorito. Não à toa, ele possui mais de 1.700 álbuns de Roberto, um número maior que de qualquer outro em sua coleção.

Com o passar dos anos, o acervo cresceu: ele tinha cerca de 3.000 discos quando terminou o colegial e, quando chegou aos 30 anos, tinha mais de 30 mil. Os 200 conseguidos por seu pai foram danificados por uma enchente, mas, na idade adulta, Freitas fez questão de comprá-los todos de novo, um a um.
Há dois anos, quando conheceu Bob George, um arquivista de música de Nova York, Zero Freitas imaginou então que poderia fazer como ele: disponibilizar sua coleção pessoal como um arquivo para que gravadoras e pesquisadores encontrem músicas que estejam procurando.

Em países como Reino Unido e EUA, a maior parte dos discos de vinil já foi transposta para o digital, tornando-os mais fáceis de serem preservados. Mas, segundo o "New York Times", em países como Brasil, Cuba e Nigéria, cerca de 80% das gravações do século 20 ainda não foram digitalizadas.

"É muito importante salvá-las, muito importante", avaliou Freitas. Mesmo assim, ele disse que acha mais efetivo se puder protegê-las no formato do disco de vinil, num local à prova de fogo.

"O vinil é muito durável. Se você guardá-lo verticalmente, longe do sol, num ambiente com temperatura controlada, ele pode durar para sempre, praticamente. Não é frágil como os CDs.

Folha

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