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Jornalista desde 2007 pela UFPB. Filho de Marizópolis, Sertão da Paraíba. Colunista, apresentador de rádio e TV. Contato com a Coluna: [email protected]

O que está em jogo

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publicado em 31/10/2014 às 11h38

Nem bem terminou a eleição para governador e outra já está na ordem do dia. A sucessão da Mesa Diretora da Assembleia é assunto recorrente entre os deputados e tema preferido nos bastidores do governo. Não por acaso. É pelo Legislativo por onde passam as pautas de interesse dos demais poderes e da população.

O governador Ricardo Coutinho deflagrou operação de guerra para arrebatar o Poder para suas mãos. Trabalha para impedir a reeleição do atual presidente da Casa, Ricardo Marcelo, responsável pela condução de um dos raros e históricos momentos de autonomia e independência da Casa.

A postura ousada de Ricardo Marcelo, referendada pela maioria esmagadora dos parlamentares, é o grande “inimigo” a ser combatido pelo governo, com todas as forças e armas disponíveis. Não é só coisa de Ricardo Coutinho, reconheça-se. Para todo governo, um Legislativo forte e altivo é sempre um “incômodo”.

O que para quem está no Palácio é uma pedra no sapato, para a sociedade é uma tábua de salvação. Em especial num Estado como o nosso, em que governos sempre se acham acima de tudo e no direito de tratorar minorias, uma Assembleia sem agachamento é a garantia de ponto de equilíbrio.

Outro aspecto que favorece Ricardo Marcelo é o seu saldo de gestão, avalizado por vários deputados em contato com a Coluna. Empresário bem sucedido, levou para a Assembleia a característica de gestor que fez o Poder avançar na organização, eficiência administrativa e melhoria significativa da imagem, aproximando-o da população a partir de campanhas de abrangência e cunho social.

Em que pese toda a força tarefa engendrada pelo governo, Ricardo Marcelo tem um ponto que lhe favorece perante o seu restrito colégio eleitoral: a boa relação com a maioria folgada dos parlamentares reeleitos e trânsito amistoso com os novatos. Por uma razão simples e perceptível entre os deputados; ele sabe, como poucos, dividir o poder. O que, aliás, não é ‘o forte’ dos quem se mexem para apeá-lo.

Grito de… – Deputado eleito, Dinaldinho Wanderley (PSDB) defende uma Mesa que preserve a independência da Assembleia e não retroaja nas conquistas alcançadas na atual gestão.

Alerta – “Não se pode confundir a harmonia entre os poderes com subserviência. Não é bom para a Paraíba que a Assembleia vire uma sucursal do Palácio da Redenção”, prega.

Cardápio do momento – No primeiro encontro com a base aliada após o resultado das urnas, durante almoço na Granja Santana, o governador Ricardo Coutinho agradeceu o empenho, o apoio, a colaboração e exortou a todos pela unidade. Lembrou que o governo passou por momentos difíceis sem maioria na Assembleia. Pra bom entendendor…

Quórum – Treze deputados sentaram, demoradamente, à mesa com Ricardo na Granja Santana. Do PT, nenhum. Faltaram Frei Anastácio e Anísio Maia. Ambos alegaram “viagens”.

Dissidência – Diferente de Gervásio Filho e Nabor Wanderley, do PMDB, Raniery Paulino e Trócolli Júnior, não apareceram e nem mandaram justificativa. Na verdade, nem eram esperados.

Azougue – O governador Ricardo Coutinho sinalizou para abertura de diálogo com deputados eleitores do senador Cássio Cunha Lima (PSDB) para garantir maioria parlamentar.

Reconciliação –
A articulação governamental também tem a meta de puxar de volta deputados que já pertenceram à base aliada e se “divorciaram” do governador na fase pré-eleitoral.

Alvos – Nesse perfil pretendido pelo governo, se enquadram deputados como Edmilson Soares e Branco Mendes, ambos do PEN, partido do atual presidente da Casa, Ricardo Marcelo.

Dose dupla – “Fazer oposição firme e vigilante”. Eis o foco para 2015 do senador Cássio Cunha Lima. Ao governo do rival Ricardo Coutinho e à gestão nacional de Dilma.

Feito – A habilidade de Ricardo Coutinho fez o que nenhum outro Estado reproduziu nessa eleição: juntar no mesmo palanque PT, PC do B e DEM. Coisa pra tirar o chapéu.

Unanimidade – Na tribuna da Câmara, ontem, o deputado Hugo Motta (PMDB) defendeu o Hospital de Trauma do Sertão, tese abraçada na campanha pelos principais candidatos ao governo.

Adaptação – “Não retiro as críticas que fiz”. Do deputado eleito Veneziano Vital (PMDB) sobre sua aliança a Ricardo, emendando: “Claro que todos precisamos nos aperfeiçoar”.

De olho – Tem gente graúda da política de João Pessoa com apetite para aportar na sucessão de Cabedelo em 2016: um do PT e uma do PSB. Voltaremos ao tema na Coluna.

PINGO QUENTE“Se houver uma ‘boa’ conversa…”. Do deputado Doda de Tião (PTB), sugerindo a receita do “diálogo” para o governo conquistar a maioria na Assembleia.

*Reprodução do Correio da Paraíba.

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