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Jornalista desde 2007 pela UFPB. Filho de Marizópolis, Sertão da Paraíba. Colunista, apresentador de rádio e TV. Contato com a Coluna: [email protected]

Maranhão está mais José

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publicado em 17/12/2009 às 22h42

Desde que assumiu o governo da Paraíba em circunstâncias absolutamente complexas, o governador José Maranhão adotou estilo sereno, ameno e leve.

Responde pacientemente aos questionamentos mais incômodos formulados por jornalistas, prefere surfar nas palavras a ter que responder ataques ao novo adversário Ricardo Coutinho.

Nos últimos tempos não se registra uma frase dura, raivosa ou rancorosa do peemedebista, conhecido outrora pelo jeito sisudo e contundente ao rebater alfinetadas.

Maranhão parece ter bebido na fonte da paciência de falar menos e agir mais, ainda que nos bastidores consiga fazer estragos no que considera impecilho.

Não entrou no embate verbal, mas venceu duas disputas emblemáticas: as presidências do PT e da OAB na Paraíba. Todos sabem que o governador teve papel decisivo nos resultados.

No campo das relações pessoais tem conseguido imprimir marca de cordialidade e civilidade. Recebeu algumas vezes sem mágoas ou ressentimentos o arcebispo Dom Aldo Pagotto, famoso pelo engajamento nas causas com DNA "Cunha Lima".

Diminuiu o tom com o qual se refere ao ex-governador Cássio. Entendeu que a hora é de ação e de pouco verbo, especialmente eliminando o uso dos adjetivos que ressoam ódio pessoal.

Prioriza o contato corpo a corpo por onde anda. Adotou nova política de relacionamento com a imprensa e com os intelectuais, setor até pouco tempo onde dispunha de pouca simpatia.

Enveredou pela atuação em políticas públicas em voga, como combate a violência contra as mulheres, ações em favor da terceira idade e aproximação com os movimentos sociais.

O Maranhão "light" recebe forte influência da secretária Lena Guimarães, profissional sensível ao que mexe com o público positivamente.

Maranhão mudou. Por convicção ou por circunstância. O governador não é mais aquele que passou oito anos sentado na cadeira mais cobiçada do Palácio da Redenção.

Se despiu do fazendeiro rico e poderoso. Talvez involuntariamente encontrou no próprio nome inspiração e exemplo para agir com mais comedimento, cautela e habilidade.

Como artesão, ele vai tentando esculpir seu projeto. Sabe que a madeira precisa ser bem talhada com verniz na medida certa.

Martelo precisa fazer menos ruído e a acertar o alvo certo, parafuso tem que dar menos voltas e logo fixar e unir as peças, a lixa deve servir para afinar e diminuir a aspereza, a trena não pode se achar tão perfeita, mas medir com precisão.

Só com esses instrumentos o marceneiro faz um bom móvel, capaz de atrair olhares e admiração. É nessa carpintaria que Maranhão trabalha agora.
 

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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