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Jornalista desde 2007 pela UFPB. Filho de Marizópolis, Sertão da Paraíba. Colunista, apresentador de rádio e TV. Contato com a Coluna: [email protected]

Salomão

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publicado em 26/11/2010 às 22h10

Estava na rádio Correio FM apresentando o Balanço Geral quando o telefone toca. Do outro lado da linha, uma amiga e uma informação: "Salomão Gadelha morreu agora há pouco em um acidente".

Não dei muita importância e de súbido imaginei que fosse mais um dos boatos que facilmente são espalhados envolvendo pessoas conhecidas do público.

Ao terminar o programa, no camarim da TV Correio, antes do comentário político no Jornal da Correio, recebo nova ligação. Desta vez o número era conhecido. Minha mãe, dona Marizete, aos prantos, confirmava a notícia que instantes atrás eu preferi classificar como mentira.

No estúdio da TV, encontro meu amigo-irmão Ruy Dantas profundamente consternado. Ele já havia anunciado no ar a morte prematura do ex-prefeito de Sousa, Salomão Gadelha, com quem trabalhou durante 20 anos.

De imediato, passei a imaginar o drama dos filhos, já tão doidos e sofridos pela morte recente da mãe, Aline.

Mesmo quem acompanhou de perto a controvertidade e marcante trajetória do filho de Zé Gadelha não seria capaz de definir ao certo qual a qualidade que melhor definia Salomão: a criatividade, o espiríto empreendedor ou a coragem de enfrentar desafios.

Em dois mandatos na Prefeitura de Sousa, ele conseguiu escrever um capítulo na história política da Paraíba.

Foi o responsável pela primeira municipalização dos serviços de água e esgotos do Estado, um monopólio antigo da Cagepa.

Idealizou o Festival do Coco, evento já reconhecido em todo o país. Se tornou o grande entusiasta da exploração do petróleo na região de Sousa, quando o assunto não passava de "uma piada".

Polêmico e inquieto, chegou a ser chamado de louco por muitos que preferiam o comodismo. Abraçou causas a frente do seu tempo. Na arte da política e da oratória, foi sábio como o Rei Salomão, nome com o qual foi batizado pelo pai José e dona Míriam.

Foi um homem de vanguarda. Uma cabeça inteligente que conseguiu elevar a auto-estima de um povo.

Um sonhador que sonhou junto com sua gente e fez do sonho a realidade que transforma e se eterniza com o legado.
 

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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