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Credibilidade

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publicado em 05/07/2015 às 22h35
atualizado em 05/07/2015 às 19h36

Novembro de 2012: o Ministério da Educação entra em ação para desmentir o cancelamento das provas do Enem. Era véspera da aplicação da prova e um mero twitter, muito mal intencionado, chegou a milhões de inscritos no exame.

Maio de 2013: o governo brasileiro é mobilizado para apagar uma fogueira, cujas labaredas evoluíram para um verdadeiro incêndio social, levando milhões de brasileiros a invadir agências da Caixa Econômica pelo País para sacar seus benefícios em meio a informações – repicadas a exaustão em blogs e mídia sociais – dando conta do cancelamento do Bolsa Família.

Fevereiro de 2015: dezenas de blogs divulgam o confisco das poupanças como parte do pacote de ajuste fiscal. Imediatamente, milhares de postagens foram despejadas nas mídias sociais, causando alvoroço entre os poupadores – só estancado com o desmentido oficial do Governo.

Ninguém, em sã consciência, é capaz de desmerecer a importância das mídias sociais e seu potencial de horizontalização da comunicação. Mas, junto com o bônus, convivemos – cada dia com mais constância – com o ônus das informações truncadas (e por vezes maldosas) que causam danos a nação.

O fato é que no ciberespaço cabe tudo. Inclusive a maldade, a calúnia, a desinformação.

Diferente das mídias convencionais, e dos jornalistas que nela operam – que têm que responder por cada vírgula do que publica – o anônimo usuário da internet não tem compromisso com nada. Nem teme as consequências dos seus atos.

A permissividade é ampla e irrestrita.

No universo virtual, postagens surgem do além, criadas por imaginários férteis ou mentes maldosas, que truncam, inventam e até montam situações e dados.

Aquela máxima de que uma imagem vale por mil palavras nunca perdeu tanto o sentido como nestes tempos de mídias sociais. Muitas delas são meras montagens – algumas tão bem feitas que demandam complexas operações periciais.

Em Acredite, estou mentindo, o blogueiro Ryan Holiday – ele próprio é confessamente um “traquinas” virtual – consegue captar com precisão o funcionamento da blogsfera, viralizando conteúdos falsos e fazendo milhões de internautas consumir informações mentirosas com desdobramentos danosos.

É por isso que, a despeito do crescimento do consumo de informações pela internet, a mídia convencional continua sendo a fonte mais confiável de acordo com pesquisa realizada pela Companhia de Notícia-CDN, entre maio e julho do ano passado, junto a executivos que ocupam cargos de liderança em médias e grandes empresas brasileiras.

Se o ciberespaço tem a virtude da rapidez, o jornal, a TV, o rádio e mesmo os portais das empresas de comunicação têm um trunfo inalienável para o consumidor da informação: a credibilidade.

Passado o primeiro impacto do vendaval de informações produzido pela internet, é com a solidez da fiabilidade que a imprensa se mantém de pé – quatro séculos de história depois – mais viva do que nunca.

Precisamos de jornalistas, profissionais capacitados para separar o que é relevante do que não é; a ficção da realidade. Precisamos de emissores que se responsabilizam e são responsabilizados pelo que informam.

Nosso produto não é mais tão somente a informação; é a credibilidade.

E é com este passaporte que a mídia convencional aterrissará – firme e forte – no futuro da comunicação.

*Reprodução do Jornal Correio da Paraíba.

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