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Jornalista desde 2007 pela UFPB. Filho de Marizópolis, Sertão da Paraíba. Colunista, apresentador de rádio e TV. Contato com a Coluna: [email protected]

Ratazanas

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publicado em 16/01/2011 às 12h37

Se o estimado leitor conversar com qualquer prefeito ouvirá a mesma cantilena de sempre. Os recursos são escassos, as receitas andam caindo, a divisão do bolo tributário penaliza as prefeituras… A choradeira é o tema recorrente.

Salvo raras exceções, o que realmente falta nas gestões municipais é seriedade e respeito ao dinheiro público. É o que mostra recente balanço referente ao ano passado divulgado pelo Ministério Público Federal da Paraíba.

O órgão ministerial ajuizou 67 ações contra 31 prefeitos. A unanimidade das medidas foi motivada por uso indevido, cretino e até escandaloso dos cofres das “pobres” prefeituras do Estado.

Dinheiro do transporte escolar, compra de ambulâncias, capacitação de jovens, instalação de poços, esgotamento sanitário, merenda escolar, melhoria habitacional e mais uma infinidade de setores essenciais à dignidade humana foram parar nos porões da safadeza.

Segundo cálculos do MPF, as fraudes e irregularidades chegam ao patamar de R$ 25 milhões, dinheiro arrancado da conta do cidadão humilde direto para o bolso de inescrupulosas ratazanas das verbas federais.

Os crimes atingem vários tecidos da corrupção: vai da malversação de recursos públicos à distorção entre o acertado no plano de trabalho e o que foi executado. Trata-se do manjado golpe das falsas medições de calçamentos e outras edificações.

Emissão de notas fiscais frias para mascarar o desvio de verbas federais é mais uma artimanha engendrada por verdadeiras gangues que assaltam friamente o erário. Firmas são literalmente usadas para forjar a legalidade de despesas fictícias.

O MPF identificou também várias relações fétidas entre empresas e prefeituras. Muitos prefeitos registram CNPJ’s em nomes de laranjas. De forma previamente combinada, viram vencedores de orquestradas licitações.

É por essas e outras mais que determinados prefeitos se despedaçam nos gabinetes de deputados e senadores em Brasília na prospecção de emendas, outra fonte de esperteza a disposição dos congressistas e seus aliados políticos.

Interessa sobremaneira alocar o máximo de obras para suas cidades, afinal de contas, na prática, eles (prefeitos corruptos) serão os beneficiários dos lucros auferidos pelas próprias empresas, invariavelmente as vencedoras das concorrências. Ganham no lucro como “empresários” clandestinos e desviam muito mais no superfaturamento.

O MPF também detectou despudor até nos gastos com a saúde dos munícipes. Há prefeitos que compram medicamentos por preço superior ao contratado. Não há sensibilidade nem com a doença alheia, agravada pela falta do remédio que a aumenta a dor de quem já vive o tempo inteiro com aspecto de paciente.

Tem gestor que atesta obras sem que estas tenham sido regularmente executadas. Existe também a espécie cujo DNA lhe dá o instinto de pagar quantias exorbitantes sem que a obra sequer tenha sido iniciada, apenas para desviar recursos públicos e engordar o saldo bancário da parentela.

É possível, caro leitor, que você conheça ou more em município governado por um gestor que pratica ato semelhante, se esconde por trás de quem opera idênticas falcatruas, ou quer eleger alguém de sua íntima confiança para fazer o mesmo. Enquanto ele não for preso, aproveite para algemá-lo nas urnas no próximo ano.

Em curso – A sucessão do reitor Rômulo Polari, na UFPB, é alvo de muitas especulações. Lúcio Flávio e Cida Ramos, dois importantes nomes na disputa, foram para o Governo e em tese estariam fora. Crescem as cotações em torno de Luiz Renato (foto) e Margareth Formiga. Também nesse pleito, o governador Ricardo ainda não manifestou preferência.

Aspol – A Associação dos Policiais Civis tem novo presidente. Sandro Roberto assumiu com a renúncia do fundador Flávio Moreira, eticamente impedido após aceitar compor o novo Governo.

Missão – O superintendente do Detran, Rodrigo Carvalho, está se cercando de colegas policiais. Convenceu e designou o destemido delegado Valber Virgolino, do Goe, para a Corregedoria.

Trânsito livre – O superintendente do Dnit, Gustavo Adolfo, deve permanecer no comando do órgão. Funcionário de carreira, ele agrada a Wilson Santiago e Wellington Roberto, que pleiteiam o cargo.

Microfonia I  – É grande a guerra no Sindicato dos Radialistas da Paraíba. Moisés Marques acusa a oposição de fazer campanha difamatória por noticiar decisões judiciais contrárias “inexistentes”.

Microfonia II – Em nota de rebate, o resistente Assis Mangueira reitera sentença judicial contra supostos desmandos do atual presidente. Moisés precisará de muita fé para atravessar esse deserto.

Barril de pólvora – Os dados são da Secretaria de Administração Penitenciária. A Paraíba tem hoje 8.555 presos. O déficit é de 3 mil vagas. O Róger, em João Pessoa, já tem o dobro da capacidade.

Entre aspas
“Ou ele desmonta o palanque, ou a Paraíba não vai perdoá-lo”.  Do senador Efraim Morais (DEM) ao senador eleito Vital Filho (PMDB), talvez com autoridade e experiência própria.

Reprodução do Correio da Paraíba
 

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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