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A União, Gonzaga e Beth

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publicado em 06/02/2011 às 09h58

Sexta-feira passada, Gonzaga Rodrigues (o atual cronista-mor da Paraíba) escreveu sobre “O retorno de A União”. E com outras palavras disse o que já dissera há mais de 30 anos, ou seja, o que expressou na crônica de título “A União”, inserida em seu livro “Notas do meu lugar”, publicado pela Editora Acauã em 1978.
Nos tempos e termos de hoje Gonzaga diz que, para informar bem, o jornal oficial não pode limitar-se a relatar as ações positivas do governo e/ou seus projetos bem sucedidos, “só fazendo pura louvação”.

Em 1978 o mesmo Gonzaga já afirmava que “O grande problema de A União é que ela tem sido feita, até agora, para agrado exclusivo do Governo. Como resultado, só o Governador a lê. Será sempre o jornal de um leitor só. Mas, se ela (A União) partir do público para o Governo, tanto ajudará o Governo como ganhará o público”.

Contenta-nos, agora, lermos que a nova editora geral de A União, Beth Torres (obviamente representando o pensamento e propósitos de toda a diretoria desse órgão estatal e obviamente do próprio novo Governo), chama a atenção de que esse centenário veículo de comunicação “começa uma nova fase, plural e diversificada, onde todas as correntes têm espaço, até mesmo a oposição”. E se assim efetivamente ocorrer, a A União, em vez de “jornal de um leitor só”, terá muitos e muitos outros leitores, leitores interessados mesmo em adquiri-lo para lê-lo, e não só aqueles que o lêem por ser o único disponível nas repartições públicas estaduais.

Desde quando eu lera aquele artigo de 1978, de Gonzaga Rodrigues, também compreendi que o melhor caminho de A União, para conquistar credibilidade e leitores, é(ra) o de abrir os espaços do jornal, também, para a oposição, valendo-se das próprias denúncias oposicionistas para, até mesmo em mesma página, oferecer a resposta governamental esclarecedora dos fatos, seja desmentindo tais denúncias, seja dando o esclarecimento pertinente, seja aproveitando-as para as correções nas ações governamentais.

Compreendi, igualmente, que, assim procedendo, a A União deixaria de ter a pecha (ou mesmo o papel) de parcial, só favorecedor da “verdade oficial”, portanto passando a dar espaços e repercussão, também, para a verdade pública.

Pelo que li como expressão de Beth Torres, pelos propósitos no mesmo sentido manifestados em declarações de Ramalho Leite (o novo superintendente) e de Albiege Fernandes (a nova diretora técnica), e, sobretudo, pelo que todos conhecemos quanto ao republicanismo do governador Ricardo Coutinho, é agora, ou nunca mais, que a A União passará a ser visto (e lido) como um jornal do Estado (Estado que é povo) e não só do Governo.
 

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