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PUNIÇÃO

Exonerado servidor que alterou perfis de jornalistas na Wikipédia

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publicado em 12/09/2014 às 08h14

Após um mês de investigações, a Casa Civil informou nesta quinta-feira (11) que a comissão de sindicância criada pelo governo para apurar as críticas aos jornalistas Carlos Alberto Sardenberg e Míriam Leitão na enciclopedia virtual Wikipédia concluiu que as alterações foram feitas pelo servidor Luiz Alberto Marques Vieira Filho.

Segundo o governo, o funcionário público ocupa atualmente a função de chefe da Assessoria Parlamentar do Ministério do Planejamento, mas já pediu desligamento e terá a exoneração do cargo publicada na edição desta sexta-feira (12) do "Diário Oficial da União".

“A Comissão de Sindicância Investigativa, instaurada no âmbito da Casa Civil, identificou o servidor público ocupante de cargo efetivo da carreira de finanças e controle, Luiz Alberto Marques Vieira Filho, como autor das alterações nos verbetes “Míriam Leitão” e “Carlos Alberto Sardenberg” no Wikipédia utilizando recursos de informática do Palácio do Planalto, informou a Casa Civil em nota divulgada nesta quinta.

No comunicado, a pasta também divulgou que, na época em que ocorreram as modificações nos perfis dos dois jornalistas, Vieira Filho exercia cargo de assessor da Secretaria de Relações Institucionais. A nota informa que, durante as investigações, o servidor assumiu a autoria das alterações e pediu exoneração do cargo de chefia que exercia no Ministério do Planejamento.

Na lista de filiados a partidos políticos disponível no site do TSE, há uma pessoa com o mesmo nome do servidor exonerado, filiada em outubro de 1999 ao PT em Ourinhos (SP). A assessoria do PT informou que localizou a ficha de filiação de Luiz Alberto Marques Vieira, mas não a de Luiz Alberto Marques Vieira Filho.

Segundo informações do Portal da Transparência, Vieira Filho entrou por meio de concurso para o Ministério da Fazenda como analista de finanças e controle e estava cedido para o Ministério do Planejamento, onde tinha um cargo de chefia, Além do salário de servidor, ele acumulava o benefício de DAS 4 (Direção de Assessoramento Superior). Por isso, recebia mensalmente R$ 22.065,61 (referência de julho de 2014).

De acordo com o Executivo, mesmo exonerado, Vieira Filho será alvo de um processo administrativo disciplinar (PAD), que poderá, eventualmente, culminar na sua demissão do serviço público. A Casa Civil destacou na nota que, como prevê a legislação, será assegurada ampla defesa ao servidor.

Em 8 de agosto, o jornal “O Globo” publicou reportagem na qual mostrou que um computador conectado à rede do Palácio do Planalto modificou os perfis de Sardenberg e Miriam Leitão na Wikipedia para incluir críticas aos dois. Os dois jornalistas são colunistas e comentaristas da TV Globo, do jornal "O Globo" e da rádio CBN.

Diante da polêmica gerada pelo episódio, inicialmente, o governo alegou que era "impossível" identificar os responsáveis pelas críticas. Depois, a presidente Dilma Rousseff determinou a abertura de uma sindicância para tentar identificar os responsáveis pela edição.

Jornalista estuda abrir processo

O jornalista Carlos Alberto Sardenberg disse que estudará com seus advogados a possibilidade de abrir um processo contra o servidor. “Precisa ver o que a gente faz, porque foi uma ofensa. Eu acho que houve uma ação criminosa e que tem autoria. Acho que cabe processo, mas é uma primeira impressão minha”, afirmou.

Para o comentarista, inicialmente a Presidência da República tentou “abafar” o caso. “A primeira reação instintiva da Presidência foi dizer que não dava para apurar, tentando abafar o caso ali mesmo, mas diante da observação de especialistas do setor de que era possível rastrear, a investigação começou”, disse.
Sardenberg lembrou que as alterações dos perfis dele e da colega Miriam Leitão não são um fato isolado e que há uma “rede” dedicada a “ataques e ameaças a jornalistas”. “É lamentável que tenha feito parte dessa rede uma pessoa que trabalhe dentro do governo”, afirmou.

G1

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