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Coloração agora também faz a cabeça dos meninos

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publicado em 24/05/2015 às 11h54
atualizado em 24/05/2015 às 12h10

Os amigos Gabriel Teixeira e Gabriel José Teles, 12 anos, recorreram a uma técnica simples e menos agressiva. Usaram tinta spray lavável de cabelo, encontrada em lojas de artigos para festas e fantasias. “Foi uma brincadeira que durou um dia. Saiu tudo durante o banho”, conta a professora de canto, Débora Garcia. Mãe de Gabriel Teixeira, ela diz que não teria coragem de autorizar a tintura permanente. “Ele é muito novo e tenho medo de dar alguma reação alérgica.”

Meu cabelo colorido, todos querem imitar… Assim como na música, chegou a vez de os meninos seguirem a onda das garotas e deixar os fios roxo, azul, rosa, verde, vermelho e amarelo. A mania, inspirada em celebridades como Katy Perry ou MC Brinquedo, invadiu os colégios e acendeu o alerta entre as famílias para os riscos do excesso de química.

Como ela, a mãe de Gabriel José, a médica Maira Teles, não se espantou com o filho. “Eles pintaram de azul e rosa, e combinaram de mudar a cada 15 dias. Não sei onde vai parar”, diverte-se.

A estudante Duda Barros, 17 anos, foi mais radical. Descoloriu as madeixas e tingiu-as de azul. “As pessoas nas ruas é que estranham. Eu gosto de ser diferente”, diz. A coloração rendeu elogios nas redes sociais, mas danificou o couro cabeludo. “Ela teve que raspar a cabeça”, avisa a mãe, a representante comercial Sheila Pinho.

Pais devem respeitar a vontade dos filhos – A moda de tingir os cabelos em tons vibrantes revela um comportamento típico de adolescentes que estão numa fase de transição, entre uma personalidade infantil e a vida adulta, na qual buscam a aprovação do grupo de amigos.
“É uma fase em que meninos e meninas se sentem pouco confiantes. Eles se juntam em grupos para desenvolver uma identidade diferente da infantil”, diz Teresa Negreiros, professora de psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).

Ela explica que nesta nova etapa da vida em que deixaram de ser crianças e ainda não são adultos, os filhos precisam ser apoiados nas suas motivações. “Não adianta proibir. O diálogo é o melhor caminho”, orienta Teresa.

Segundo a especialista, mais do que se preocupar com os looks ousados dos filhos, as famílias devem estar atentas às novas companhias que podem estar influenciando na mudança de atitudes do adolescente. “Vestir-se todo de preto não é problema. Mas se ele se junta para quebrar e agredir os outros, a família deve intervir”, diz Teresa.

Acima de tudo, ela diz que é preciso respeitar o filho e se aproximar dos amigos para conhecê-los melhor. “Tatuagem já foi associada a marginais e hoje está disseminada. Não é a aparência que define o caráter de alguém”, reconhece a psicóloga.

O Dia

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